Três palestras foram apresentadas no segundo encontro do ano do Capítulo Sul do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs), na sexta-feira (28). A atividade ocorreu na sede conjunta da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL) e Associação dos Hospitais do RS (AHRGS) e contou com o apoio institucional da Fasaúde/IAHCS.
O encontro contou com palestras do diretor executivo do IAHCS Acreditação, Sérgio Ruffini; da coordenadora do Núcleo Interno de Regulação do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, Beatriz Schaan, e do Superintendente Executivo do Hospital Mãe de Deus, Fábio Fraga. A abertura e a coordenação da atividade ficou por conta do associado e fellow, Odacir Rossato, Superintendente Administrativo do Hospital Ernesto Dornelles.
Coordenação da atividade ficou por conta do associado e fellow Odacir Rossato
Sérgio Ruffini (IAHCS Acreditação)
O diretor executivo do Instituto de Acreditação Hospitalar e Certificação em Saúde (IAHCS Acreditação) apresentou a palestra A Acreditação para a segurança dos pacientes.
O palestrante abordou os procedimentos necessários para a gerência de processos, em que são definidas, construídas e entregues as soluções para o paciente. A integração entre segurança (não causar dano) e qualidade no processo foi ressaltada por Ruffini.
“Não causar dano significa eliminar a condição de risco. A entrega tem que ter uma qualidade assistencial resolutiva, capaz de resolver. E que meu processo de produção tenha todas as condições de segurança para que em toda a etapa não promova danos. Isso é o que as pessoas falam, mas não entendem o que é geração de valor. O valor é o que os clientes estabelecem. E eles vão estabelecer o que é valor à medida que esse processo de qualidade e segurança for atendido”, explicou.
“A Acreditação para a segurança dos pacientes" foi tema da palestra de Sérgio Ruffini
O palestrante também citou os processos necessários que as instituições necessitam dominar para estarem aptas às fases 1, 2 e 3 da certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA).
Beatriz Schaan (Hospital de Clínicas de Porto Alegre)
A segunda palestra, com o tema Regulação e Racionalização no Uso de Leitos e Impacto na Gestão do Paciente Crítico: a Experiência do Hospital de Clínicas, foi apresentada pela Dra. Beatriz Schaan, coordenadora do Núcleo Interno de Regulação (NIR), do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Schaan apresentou os processos e os impactos gerados pelo NIR. Um dos resultados gerados foi a diminuição no tempo de espera de pacientes na Emergência. De acordo com a palestrante, foi feita uma adequação entre casos ambulatoriais e de emergência, com análises individualizadas, que ocasionou em um fluxo mais organizado e um tempo de espera menor. “Isso fez com que o nosso tempo de espera para internação caísse drasticamente para sete dias, à medida que tiramos da fila quem não precisava internar e que deveria resolver seu processo no ambulatório”, disse.
Beatriz Schaan, coordenadora do Núcleo Interno de Regulação do HCPA
A palestrante também citou o Programa de Altas, em que a partir de 2018 foi implementado o Time de altas hospitalar, e em 2019 o Time de altas de Emergência, com o objetivo de otimizar o giro de leitos e diminuir o tempo médio de internação e reinternação. Schaan também citou o projeto Lean nas Emergências, em parceria com o Grupo Hospitalar Conceição e Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre.
Fábio Fraga (Hospital Mãe de Deus)
O superintendente executivo apresentou o Novo Modelo de Gestão e Assistência do HMD [Hospital Mãe de Deus]. Fraga abordou a governança clínica do hospital, baseada em seis pilares:
1) Transparência,
2) Efetividade da intervenção clínica,
3) Auditoria clínica,
4) Gestão dos riscos e eventos adversos,
5) Educação e treinamento dos profissionais,
6) Pesquisa clínica e desenvolvimento.
“ Esse modelo de governança clínica foi a base da transformação ocorrida. Todos os seis itens foram rediscutidos e estamos 100% aderentes a esses itens”, afirmou.
O fluxo do paciente na instituição é acompanhado por uma equipe multidisciplinar, ou seja, as lideranças de cinco especialidades (Cardiologia, Neurologia, Oncologia, Ortopedia e Traumatologia, e Cirurgia Geral) reúnem-se semanalmente com os gestores do HMD. “Todos precisam estar presentes, às quintas-feiras, com a governança clínica do hospital, onde são avaliados todos os indicadores”, explicou.
Fraga abordou a governança clínica do hospital, baseada em seis pilares
Fraga também apontou a Central de Controle, em que há a integração dos gestores com os processos das cinco especialidades da instituição por meio da Tecnologia da Informação (TI). Ele explicou que, em 2018, foi desenvolvida a Sala de Controle, que disponibiliza informações real-time de processos chaves dentro da Instituição para aumentar a eficiência assistencial e satisfação do paciente. “Controlamos, na Sala de Controle do Mãe de Deus, o tempo de permanência dos pacientes na sala de recuperação pós-operatório”, disse.
“A instituição precisa se empoderar e tomar conta do cuidado do paciente, tirando um pouco do médico essa responsabilidade. E foi neste ponto que introduzimos algumas mudanças. O bom médico se vê amparado por esse processo”, disse Fábio Fraga.